sexta-feira, 14 de maio de 2010

3 meses.

Faz hoje precisamente 3 meses que cheguei ao Brasil. Foi o Paul, o outro intercambista que me lembrou hoje na faculdade. Acabámos por conversar sobre o primeiro dia que chegámos ao Brasil e tudo  o que vivemos por cá.
Ambos concordámos que os sentimentos que reinavam entre nós no dia da chegada, era o medo, o fascínio e a dúvida.
O medo porque nao sabíamos o que nos esperava, a dúvida, porque não sabiamos o que era estar longe do nosso 'mundo' durante 6 meses, e o fascínio, bem, o fascínio por estarmos no Brasil e porque de facto é um País que fascina qualquer um.
Foram só 3 meses, mas para nós, parece que já estamos cá à um ano. Talvez  pela intensidade com  que temos vivido as coisas por  aqui, faz com que o tempo pareça mais longo.
As primeiras festas, as primeiras amizades que surgiram, o descobrir um novo País, uma nova cultura.. foi tudo tão intenso que parece que passou uma vida e não apenas 3 meses.

Ao final deste tempo dou por mim a olhar para mim mesma, e a ver que sou uma pessoa diferente da que embarquei à 3 meses atrás.
Aprendi a dar valor a coisas básicas na vida. A dar valor ao meu lar, ao meu espaço. Aprendi a amar ainda mais a minha família e os meus amigos.
Sinto que sou uma pessoa muito mais tolerante perante os outros, menos impulsiva e mais ponderada.
Sinto que cresci muito a nível pessoal, e só por isso, esta experiência ja valeu a pena.
Hoje sei dar valor ás palavras distância e saudade. Sei o quanto custa estar longe do nosso mundo e de todos aqueles que fazem parte dele.
Podemos até ter saudades de um amor perdido ou de um momento vivido e é certo que isso causa sofrimento, mas nada é comparado com o facto de estarmos distantes de TUDO  o que nos faz feliz.
Hoje sei que a saudade tem o poder de magoar muito, mas também sei, que a junção desta distância e saudade, provoca uma mágoa qu ajuda a crescer e a dar o verdadeiro valor às coisas.
E é por isso que não  encaro estes sentimentos como algo de negativo, porque sinto que esta distância me ajudou a crescer como pessoa e a ver as coisas de outra forma.
Sinto falta de coisas tão básicas como, beber um verdadeiro café português, de entrar no carro e dirigir sem destino, de ir a uma pastelaria e poder pedir uma torrada ou mesmo uma tosta, sem ter que ser obrigada a comer qualquer coisa frita (é que no Brasil impera os fritos), de ouvir falar o verdadeiro português. São coisas tão básicas, mas só quando nos vemos privadas delas é que aprendemos a dar o devido valor. Mas quanto a isso nada há a fazer, porque o ser humano é todo igual.

Aprendi também a saber indentificar uma verdadeira amizade, foi talvez dos primeiros conselhos que me deram antes de vir para cá, que o facto de ir estar 6 meses fora me ia dar uma visão  da importância e o valor que tinha para algumas pessoas que julgava serem importantes.
Até nesse ponto fui surpreendida pela negativa, mas a verdade, é que não me importo. Ao menos consegui ver quem são os verdeiros amigos, e aqueles que mesmo à distância sabem estar 'presente' dentro do possível.
Nesse campo, o da amizade, tornei-me ainda mais egoísta. Vou reduzir ainda mais o círculo de amizades, pois à pessoas que certamente não terão mais a mesma dedicação da minha parte como tiveram outrora.
 Só farei questão de ter por perto aqueles que são de facto mesmo meus amigos a quem eu dou o devido valor.
Poderia ficar aqui a noite toda a falar-vos das mudanças que esta experiência produz numa pessoa, mas não vale a pena. Voçes vão poder verificar  isso quando eu chegar.
Sei que só passaram 3 meses, e que ainda me falta metade do tempo, e que certamente irá surtir muitas mais alterações, mas, se tivesse que ir embora amanha, por tudo o que vivi, por todas as pessoas que conheci e pelo enriquecimento pessoal e cultural que esta experiência me proporcionou, eu diria, sem hesitar, que, VALEU A PENA.

Como diz o nosso querido poeta..

' Tudo vale a pena quando a alma não é pequena!'

Sofia Rodrigues

3 comentários:

  1. Gosto muito mais deste teu lado de ver as coisas, por vezes é difícil pelas mínimas coisas (a nossa cama, e almofada), mas VALE SEMPRE A PENA conhecer outros países, outras pessoas, outras culturas. Tenho a certeza que vens diferente e para melhor pois uma experiência como essa não muda as pessoas para pior ;). Força linda e aproveita ao máximo porque experiências como essas há muito muito poucas. E os amigos vem e vão mas os verdadeiros vem e não mais saem de perto de nós, seja nos momentos bons ou maus. Infelizmente sabemos quem são os nossos verdadeiros amigos nos momentos maus, nos momentos em que mais precisamos porque quando tudo é um mar de rosas toda a gente está connosco, quando temos alguma coisa para dar estamos rodeadas de gente, mas quando precisamos de verdade olhas para o lado e a multidão que outrora estava a tua volta resume-se a muito poucas pessoas mas lá diz o ditado "poucas mas boas" e essas poucas nunca te irão abandonar seja nos momentos felizes ou menos felizes. Força querida metade do caminho em terras brasileiras já tá feito já falta tão pouco para saboreares os pequenos sabores do nosso Portugal mas de certeza que quando cá chegares vais querer voltar para ai;)

    Beijitos e muita força, os verdadeiros amigos vão estar no mesmo sitio aquando da tua partida ;)

    Ps: Alguns desapareceram e de certo tens pena por ter acontecido com esta tua experiência, que não trouxe só momentos bons mas que foi e acompanhada por alguns dissabores mas ao menos serve para ajustares as tuas amizades

    "Há males que vem por bem";)

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  2. ...

    Uns vão e outros aparecem ;), esperemos que os que aparecem tenham um percurso diferente dos que foram embora e que a relação dure mais tempo :p

    Beijitos

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  3. Concordo perfeitamente com tudo o que a tita disse. Gosto mais desta versão da história!
    Beijinhos e aproveita isso ao máximo!

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